Com pressão antivacina, EUA deixam de recomendar imunização ampla contra a Covid
19/09/2025
(Foto: Reprodução) Com pressão antivacina, EUA deixam de recomendar imunização ampla contra a Covid
O secretário de saúde dos Estados Unidos, Robert Kennedy Junior, conseguiu impor ao país uma medida que contraria a comunidade científica internacional, mas é alinhada com uma posição pessoal dele em relação às vacinas: ele é contra.
O comitê sobre vacinas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças abandonou uma recomendação que estava em vigor desde a pandemia. O CDC é a maior autoridade em recomendações de saúde nos Estados Unidos. A nova diretriz pode dificultar o acesso ao imunizante.
Ainda há dúvida se quem quiser tomar a vacina vai precisar de uma consulta médica antes. A decisão pode ter efeitos também sobre a cobertura do plano de saúde. Hoje, os planos são obrigados, por lei, a pagar as vacinas recomendadas. O painel chegou a votar uma proposta que exigia receita médica para a vacina, mas a ideia foi derrotada.
O comitê também votou pelo veto do uso de vacina tetraviral em bebês. A recomendação agora é que crianças menores de quatro anos recebam vacinas separadas contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora. Especialistas dizem que essa decisão pode reduzir a adesão a campanhas de vacinação.
As decisões de hoje do Comitê ainda precisam ser assinadas pelo diretor interino do CDC. A mudança na orientação vem depois de uma grande reformulação do comitê. Em junho, Robert Kennedy Jr. demitiu todos os 17 médicos que faziam parte do grupo e indicou nomes alinhados a ele, e que, sem nenhuma base científica, já tinham levantado dúvidas sobre a eficácia de vacinas.
Médicos de fora do comitê que acompanharam a reunião se disseram preocupados com o fato de que o grupo não considerou a contribuição de especialistas no assunto. Esta semana, a ex-diretora do CDC Susan Monarez disse em audiência do Senado que se recusou a seguir ordem de Robert Kennedy Júnior para mudar recomendações de vacina. Ela disse que não havia evidência científica para as mudanças.
Filho do político americano Robert Kennedy, Robert Kennedy Jr. passou a carreira política defendendo formas alternativas de saúde. Escreveu livros em que ataca vacinas. No início do ano, quando o estado do Texas enfrentava um surto de sarampo, Kennedy Jr. disse que a vacina trazia prejuízos mais comuns do que o imaginado e chegou a sugerir o tratamento de óleo de fígado de bacalhau, contradizendo o que comprovavam as pesquisas.
Comitê sobre vacinas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças abandonou uma recomendação que estava em vigor desde a pandemia
Reprodução/TV Globo
